quinta-feira, 25 de junho de 2009

Hoje notei o desgaste dos significados...

“Amor, te amo para sempre! Um mês!”

E de repente eis que uma infinidade de palavras românticas surge, sem respeito a sua semântica ou ao que representam.
Não sou defensora da linguagem, como alguém que a tem como trabalho ou paixão, mas acredito que uma palavra cujo sentido é delimitado, não deveria ser desgastada.

Por exemplo, é notável o número de pessoas que amam por alguns dias (meses talvez?) uma série de pessoas e “para sempre”.
Para sempre é sinônimo de infindável, e o sentimento restringiu-se à um mês, talvez dois, o que desvalorizou o significado de sempre, e até mesmo pode-se duvidar da veridicidade do sentimento.

O poder das palavras provém daquilo que lhes foi dado como significação (não desprezando casos de polissemia, é claro). Contudo, a liberdade de sentido de algumas dessas tem atribuído às mesmas alguns significados incoerentes e nem sequer podem ser chamados neologismos.
Isto não provém (apenas) de ignorância, mas de um senso comum. E talvez nada desestruture mais uma palavra do que ser utilizada, erroneamente, pelas massas.

Perceba: Palavras são estruturas de comunicação, de identificação. Revelam idéias, pensamentos, explicam, definem e podem reforçar o que não podem definir: os sentimentos.

A perda do significado pode levar ao desaparecimento. E isso acontece com tudo: com coisas, com palavras, com sentimentos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Hoje notei o quanto não se notam...

"Ah, já estou cansada disso!".

Como é fácil dizer uma coisa assim quando lhe for mais conveniente. Certas pessoas não sabem o que isso realmente quer dizer.
Dizer que está cansado de tanto estudar ou trabalhar, sim, é plausível. Mas não venha com o "estar cansado da sociedade", “desse capitalismo”, “dessa gente falsa”.
Dramático.
O drama é uma expressão de arte, não de chamar atenção para uma cabeça envolta de banalidades e maus hábitos.
A causa disso? Liberdade em demasia. Lutas pelos direitos de expressão, de pensamento e atitudes na verdade tornaram as próximas gerações vítimas da generalidade. Por isso cada um busca de uma maneira singular seu reconhecimento social, mas alguns sentem-se obrigados a chamar atenção de outras formas. Por exemplo os paradoxos existentes entre suas palavras e seu cotidiano, renegando os principais itens formadores do último.
Encarar as pessoas e o mundo em que vivemos faz parte da vida em sociedade, que, se não fosse possível aguentar, teria ruído como todas as coisas que não são adaptáveis ou não nos adaptamos. Esse pensamento de revolta juvenil onde renega-se o mundo que o cerca, entra em contradição com a vida que esses jovens levam. A sociedade, o capitalismo e as “pessoas falsas” que são criticadas formam a posição social, os prazeres e a rede de contatos desses jovens.

Perceba: A sociedade existe, e você não É a sociedade, você faz PARTE dela. O capitalismo te permite ler este texto assim como eu mesma de escrevê-lo. E, principalmente, não julgue as pessoas de modo geral. Mentir pra um amigo ficar momentaneamente feliz não o torna uma pessoa falsa, mas sensível. Se aqueles ao seu redor são falsos, você ao se relacionar com eles também é.

Tome cuidado com o que é dito. Palavras incompreensíveis não o tornam sábio.