“Amor, te amo para sempre! Um mês!”
E de repente eis que uma infinidade de palavras românticas surge, sem respeito a sua semântica ou ao que representam.
Não sou defensora da linguagem, como alguém que a tem como trabalho ou paixão, mas acredito que uma palavra cujo sentido é delimitado, não deveria ser desgastada.
Por exemplo, é notável o número de pessoas que amam por alguns dias (meses talvez?) uma série de pessoas e “para sempre”.
Para sempre é sinônimo de infindável, e o sentimento restringiu-se à um mês, talvez dois, o que desvalorizou o significado de sempre, e até mesmo pode-se duvidar da veridicidade do sentimento.
O poder das palavras provém daquilo que lhes foi dado como significação (não desprezando casos de polissemia, é claro). Contudo, a liberdade de sentido de algumas dessas tem atribuído às mesmas alguns significados incoerentes e nem sequer podem ser chamados neologismos.
Isto não provém (apenas) de ignorância, mas de um senso comum. E talvez nada desestruture mais uma palavra do que ser utilizada, erroneamente, pelas massas.
Perceba: Palavras são estruturas de comunicação, de identificação. Revelam idéias, pensamentos, explicam, definem e podem reforçar o que não podem definir: os sentimentos.
A perda do significado pode levar ao desaparecimento. E isso acontece com tudo: com coisas, com palavras, com sentimentos.
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